Uso de crédito fiscal faz CSN obter lucro no 1º tri

Em meio à rápida deterioração de sua saúde financeira, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) quer reduzir a alavancagem com o gerenciamento de passivos para evitar um salto nos custos de captação.

No primeiro trimestre, o índice que relaciona dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiu 4,8 vezes, depois de ficar em 4 vezes em dezembro e 2,7 vezes em março do ano passado.

A empresa já garantiu ao mercado que o foco é a redução desse indicador. O objetivo é atingir nível mais próximo de 3 vezes, mas não foi informado qual o período em que a alavancagem deve se reduzir para essa meta.

David Salama, diretor financeiro e de RI, disse ontem a investidores e analistas que o assunto preocupa toda a gestão da siderúrgica e que os esforços se concentram na contenção de gastos e negociação com credores.

Segundo ele, além do corte já anunciado nos investimentos, de R$ 2,2 bilhões para R$ 1,3 bilhão, ganhos de eficiência e rolagem de dívida podem ajudar na missão.

A estratégia é chamada de gerenciamento de passivos e consiste em garantir os menores custos possíveis de captação para alongar o perfil das obrigações. Gustavo Sousa, diretor de controladoria, informou que as conversas com bancos e potenciais investidores de debêntures ou bônus se mostraram são positivas.

Na teleconferência, a empresa comentou o balanço do primeiro trimestre, que trouxe lucro de R$ 392 milhões, ante R$ 55,3 milhões um ano antes. O resultado foi fruto do lançamento de créditos fiscais.

O imposto diferido conquistado por conta de perdas acumuladas em equivalência patrimonial ¬ dentre as empresas consolidadas, estão a Transnordestina e a CBSI ¬ e de resultados com alíquota vigentes diferenciadas ou não tributadas trouxe ganho líquido de R$ 502,5 milhões.

Não fosse essa receita fiscal, o prejuízo seria de R$ 110,7 milhões na linha antes de impostos, ante lucro de R$ 79,2 milhões no primeiro trimestre de 2014.

Por outro lado, a receita líquida caiu 8,3%, para R$ 4,01 bilhões, apesar dos esforços da CSN para destinar seus produtos ao exterior e se beneficiar com a valorização do dólar frente ao real.

O Ebitda recuou 36,7%, para R$ 911 milhões. Apesar da piora, o balanço veio melhor do que os analistas esperavam. Luis Fernando Martinez, diretor executivo comercial, revelou que pretende atuar especialmente em duas frentes para que as exportações aliviem os resultados futuros.

Ampliar vendas na América Latina, região na qual a demanda parece mais resistente, e maior distribuição de aço para a subsidiária americana, que faz produto de maior valor agregado.

Na área de mineração, que historicamente garantiu rentabilidade nas operações muito superior à de aço, as margens foram bastante espremidas.

A desvalorização do minério de ferro e redução nas vendas foram responsáveis por derrubar em um ano a margem sobre o Ebitda da divisão, de 46,9% para 23,7%. O valor médio de venda do insumo foi de US$ 41 por tonelada entre janeiro e março.

Fonte: Jornal Valor Econômico